Artigos Fique por dentro das últimas novidades


  • 07/03/2018 12:00
  • Jorge Avancini

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁDIO PARA O ÊXITO DO PLANO DE SÓCIOS

Por Jorge Avancini
(Com edição de Ricardo Mituti)

 

No dia em que fui apresentado como Diretor de Mercado do Esporte Clube Bahia, em fevereiro de 2015, tendo como principal missão relançar e ampliar o quadro social do Tricolor, a primeira pergunta que ouvi do então presidente Marcelo Sant’Ana foi a seguinte: “Qual o segredo de um plano de sócios vencedor?”

Minha resposta foi bastante clara: “Estádio próprio”.

Naquele momento, eu chegava a um clube tradicional, de massa, mas que, em seus mais de 85 anos de história, pouco havia avançado para ter sua própria casa.

Para mim, aquilo era novidade. Afinal, havia acabado de deixar o Sport Club Internacional, cujo sucesso da expansão vertiginosa de seu quadro social também passava pelo estádio Beira-Rio.

Durante as três temporadas em que estive no Nordeste, convivi com a parceria público-privada estabelecida com a Arena Fonte Nova, por meio da qual o Bahia demandava seus jogos.

Foram dias difíceis, admito.

A Arena Fonte Nova tem objetivos bem diferentes dos objetivos do clube. Por diversas vezes, não conseguimos conciliar interesses, e isso representava prejuízo aos sócios e ampliava o desconforto do torcedor em relação à arena.

Não à toa, inclusive, até hoje muitos torcedores do Bahia defendem arduamente a ideia de que o time jogue em Pituaçu - também este um equipamento publico -, com o qual se identificam.

Mas, concentrando-me no título deste artigo, qual a relação entre estádio próprio e o êxito do quadro social, afinal?

Ter casa significa muito para o torcedor. Induz a um sentimento de pertencimento e reforça a ligação afetiva. Para o associado, é quase como uma extensão de seu próprio lar – senão um segundo lar.

Por outro lado, não jogar em um local próprio causa distanciamento do sentimento de propriedade e do vínculo com o patrimônio do clube. Impacta identidade e história da instituição.

Posso citar quatro cases brasileiros de sucesso nessa relação estádio x quadro social: Inter, Grêmio, Palmeiras e Sport. Todos têm casa própria e possuem quadros sociais que contribuem com relevância para as receitas do clube. 

Não se convenceu? Tudo bem. Então tomemos o Corinthians como quinto case: a Arena do Timão, em Itaquera, promoveu ou não o crescimento do quadro social do clube?

Vou além, porque bons exemplos não faltam.

Muito em breve, o Náutico deixará de mandar seus jogos na Arena Pernambuco. O estádio, embora moderno, não caiu no gosto da torcida. E para onde vai o time? Aflitos, a casa do clube.

Temos, ainda, a situação do Flamengo. Embora seja dono da maior torcida do Brasil e contabilize mais de um século de história, até hoje não possui estádio próprio – e, talvez, seja o símbolo máximo desse nomadismo dos clubes brasileiros sem estádio.

Indo mais a fundo na situação do Flamengo, arrisco-me dizer que seria um grande negócio ao Rubro-Negro carioca assumir e gerir o Maracanã, com o qual tem grande identificação e história.

 

Numa mesma linha de raciocínio – e, prometo, encerro o artigo com ela -, abordo a realidade de outro gigante do futebol brasileiro.

Há alguns dias, o clássico paulista Santos e Corinthians, disputado no Pacaembu – pertencente à cidade de São Paulo – terminou com a volta da polêmica sobre privatizar ou não o velho estádio, sede da Copa de 50, em virtude de um problema elétrico que paralisou o jogo por quase uma hora.

Na minha opinião, essa privatização só daria certo se houvesse um clube de massa e tradição disposto a encabeçar o projeto.

Seguindo por essa linha, a oportunidade parece cair no colo do próprio Santos, que tem a maior parte de sua torcida na própria cidade de São Paulo.

Dadas as limitações de um eventual projeto de ampiação de seu estádio, a Vila Belmiro, assumir o Pacaembu e fazer a gestão direcionada do equipamento ao perfil de seus torcedores poderiam fazer decolar o plano de sócios do Alvinegro Praiano. Para mim, seria um golaço do Peixe.

Categorias