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- 23/07/2018 08:55
- Jorge Avancini
VAR E REDES SOCIAIS: A CONSOLIDAÇÃO DA NOVA ORDEM DO FUTEBOL MUNDIAL
Por Jorge Avancini
(Com edição de Ricardo Mituti)
Com o término da Copa Rússia, podemos dizer que alguns dos legados da competição são significativos e inovadores em diversos sentidos - a começar pelo próprio aspecto esportivo, com uma final inédita, jamais projetada nem mesmo pelos mais renomados analistas da modalidade em qualquer país do mundo.
Mas, à parte a tal da “Copa das Surpresas”, o Mundial da Rússia também foi palco de uma novidade que não tardou a ganhar fama e cair nas graças do público e da mídia. Refiro-me ao Árbitro de Vídeo (VAR), tecnologia que colocou o futebol nos tempos modernos, definitivamente.
Sobre o VAR, pode-se dizer que, com sua utilização, a partida de futebol ficou mais justa, e justiça proporciona ganhos a todos os protagonistas do espetáculo - equipes, arbitragem e torcida.
Ainda que no início o recurso tenha sido bastante questionado - em especial pelos mais saudosistas e resistentes a mudanças -, o VAR não apenas conseguiu sobreviver ao alto nível de exigência de uma Copa como também, em muitos jogos, teve papel fundamental para garantir a lisura do resultado.
A partir de agora, com a esperada utilização em larga escala do Árbitro de Vídeo, teremos de reapreender a jogar futebol. A mim parece ser o fim da era daqueles lances mal-intencionados de jogadores metidos a espertalhões.
Mas e para o mercado, qual a importância do uso da tecnologia no futebol?
Entendo que patrocinadores e organizadores também ganham com ela. Afinal, com mais transparência e fidelidade aos fatos ocorridos durante o jogo, a tendência é que o espetáculo se torne mais qualificado, atraindo a atenção de parceiros comerciais que hoje deixam de aportar recursos na modalidade por não confiarem plenamente na idoneidade do esporte. Para mim, um a zero para a modernidade.
E não menos importante do que a tecnologia dentro de campo, considero que o torneio também consolidou outro recurso nascido nos tempos recentes: as redes sociais e todo seu enorme potencial enquanto importantes canais de comunicação.
Se nas Copas da África e do Brasil elas já mostraram força e relevância, em 2018 ganharam corpo, amadureceram e figuraram como a mais incrível das ferramentas de engajamento e geração de conteúdo de história contemporânea. Nunca antes fomos inundados por tanta informação e em tempo real.
Todo indivíduo é, de uma vez por todas, gerador de conteúdo – ainda que muitos sejam pouco ou nada confiáveis. A Copa da Rússia sedimentou essa realidade.
Por meio das redes de milhões de cidadãos, oriundos de milhares de cidades, pudemos, por exemplo, conhecer outra Rússia - alegre, moderna e organizada, que se preparou com méritos para realizar o maior evento esportivo do Planeta.
É verdade que também foi por meio das redes que tomamos conhecimento de absurdos como aquele dos brasileiros que ofenderam uma jovem russa, aproveitando-se do desconhecimento do idioma por parte da vítima. Contudo, não fosse a mídia social, talvez esses cidadãos não tivessem sido expostos e punidos como todos esperávamos.
Os famosos memes também só existem – ou ganharam escala, vá lá – porque a agilidade dessas redes faz a piada rodar o mundo em questão de minutos.
O mesmo ocorre com a rotina dos astros do futebol, que, livremente exposta pelos próprios, faz com que se aproximem mais dos torcedores, o que gera empatia e cria um ambiente geralmente favorável à construção de uma relação salutar.
Se utilizada com sabedoria, estratégia e planejamento, a rede social prova ser um incrível canal híbrido, de conteúdo e publicidade, para atletas, clubes, entidades esportivas, marcas e até mesmo para os gestores públicos de cidades e países que recebem eventos de destaque, do tamanho de uma Copa. Algo que caminhe na contramão dessa realidade deve ser desconsiderado – pelo menos na minha opinião.
Como eu já havia mencionado em artigo de março de 2018, disponivel em meu Linkedin, clubes e dirigentes brasileiros deveriam dedicar mais atenção – e com mais profissionalismo - a essas consistentes ferramentas, cujos custos, aliás, são bem mais baixos se comparados aos envolvidos numa operação de mídia dita “tradicional”. Só não vê quem não quer – ou quem tem medo de se atualizar.